quarta-feira, 7 de julho de 2010

O que potencializa e o que fragiliza a mídia regional, levando-se em consideração o caso paraibano?

NÃO LEIA SE ACHA QUE ISSO NÃO É PROBLEMA SEU!

Particularmente, a situação paraibana é preocupante e vive um momento de mais fragilidades do que de potencialidades. Na realidade as potencialidades existem em toda parte, difícil é reconhecê-las. Infelizmente o comodismo da produção nas redações deixa de incentivar o profissional que vai as ruas apurar os fatos e transformá-lo em texto.

O texto jornalístico não é uma produção exclusiva, e sim um conjunto de obras, uma obra coletiva. O texto que o pauteiro copia da internet para se transformar em dado a ser citado na matéria, a dica que o colega de trabalho dá para o repórter explorar em sua matéria, as alterações que o editor faz. Nada é feito exclusivamente e se um destes profissionais não estiver disposto a fazer o seu melhor, nada dará certo. E isso não acontece só na Paraíba.

O nordeste nunca foi visto pela mídia, seja nacional ou local, com um poder em potencial. Somos caricatos. Somos o povo sofrido, somos a lata d’agua na cabeça, somos o burro com sede pisando no chão rachado. Se nós somos isso e sempre somos só isso, como explorar outros acontecimentos, outras visões, outras pautas.

Exemplo disso são os especiais promovidos pela Rede Globo através do Jornal Hoje todos os anos. O espectador liga sua televisão, e como se tivesse algum poder de prever acontecimentos, já sabe o que vai assistir: Campina Grande (PB) versus Caruaru (PE), Bacamarteiros do Pernambuco, guerra de espadas na Bahia, o barco que “voa” no Sergipe, o forró de plástico do Ceará competindo com o “Pé de serra”...

O nordeste não é só isso. A Paraíba não é só isso. Campina Grande vive atualmente um momento brilhante, mas que pouca gente já tomou conhecimento. Temos a maior concentração de Pós-graduados do país. Quantos programas explorando o jornalismo científico poderiam ser feitos? Quantas entrevistas descontraídas que levariam conhecimento ao publico poderiam ser feitas?

Esse belo dado me entristece, quer saber porque? Apesar dele a Paraíba tem 70% de sua população sendo de analfabetos funcionais. Quantas pautas de utilidade publica e esclarecimento poderiam se tornar material interessante nas mãos do povo? Mas isso não acontece.

Vivemos uma política triste, que se aproveita de seu poder dentro das redações, modificando pesquisas e manipulando pessoas desinformadas. Para quê um gráfico na capa do jornal se pouquíssimos saberão interpretá-lo? Não sei responder!
Com um centro de pesquisa em tecnologia na UFCG e a Embrapa, teríamos pelo menos uma matéria com CONTEÚDO por semana. Mas não temos. Patos tem um pólo calçadista que poucas vezes é lembrado. Infelizmente também tem um tráfico de drogas que ninguém tem coragem de mostrar.

Com um mercado fechado como o nosso a saída para alguns profissionais que não se contentam com pouco é na maioria das vezes partir do estado para perseguir o sonho de fazer uma carreira de sucesso. Por isso as redações estão muitas vezes recheadas de pessoas desestimuladas. Isso afeta a qualidade da produção final e consequentemente, com uma baixa qualidade do que chega na casa do ouvinte, do leitor ou do espectador, a diminuição da audiência ou tiragem do jornal, no caso da mídia impressa é evidente.

Saber mediar o conflito de modo que a vida e a liberdade do outro sejam preservadas é uma questão de educação formal e informal. Isso toca num ponto muito importante: o respeito. Respeitar público, respeitar fontes, respeitar entrevistados. Tudo isso contribuiria para o fazer jornalístico se fosse cumprido, mas não é.

Tirar proveito das deficiências culturais de um povo que nunca recebeu nenhuma parcela da divida educacional não está correto. Agir como se isso não fosse problema nosso, mais ainda. Classificar jornalismo em opinativo e não-opinativo para se desculpar sobre este assunto não é a melhor saída. O melhor é cumprir com seu papel de servir a sociedade e reivindicar pelos direitos.

Enquanto ninguém faz nada para mudar isso a agenda setting das redações corre solta na boca da população: Hoje vamos falar de Copa do Mundo. E realmente todos falam, entretêm. E o senado simultaneamente o fim do 13° salário é votado. Isso em uma rapidez jamais vista antes. Ainda mais quando tiram nosso direito para converte-lo em aumento para eles mesmos, como foi neste caso.

O global se transformou em regional para embaçar as pupilas de nossa gente. A África do Sul nunca foi tão comentada, mesmo sem muita gente saber apontá-la no mapa, principalmente aqui. O patriotismo é grande. Bandeiras nas ruas, verde e amarelo tomam conta e os jornais mostram sempre o lado alegre. E nas eleições? Vamos vestir verde e amarelo? Não.

Outra coisa, o trabalhador que sai da redação com a tarefa de apurar a noticia munido de seu equipamento (microfone, gravador, câmera) sente-se forte, sente-se grandioso, melhor que o outro e esquece que o personagem principal é a pessoa que fala e não ele próprio. Por estar sempre na mídia, com seu nome aparecendo no crédito das matérias, nós às vezes acabamos esquecendo de que jornalista não é artista. Muita gente entra nessa profissão avistando um salto para a fama.

Dentre tantas outras coisas para criticar, melhorar e observar uma delas é o cuidado que devemos ter com o uso da língua. No nosso caso, a oralidade é uma questão frágil a ser discutida. Somos criticados diariamente pelo nosso sotaque, mas especialistas fonoaudiólogos afirmam que isto é algo que já foi determinado geneticamente através da evolução da espécie.

O céu da boca do nordestino tem um formato que faz com que sua voz seja diferente da do sulista, por exemplo. Uma das explicações seria o calor daqui, que adaptou fisicamente essa parte do nosso corpo e acabou afetando a nossa voz. Mas será mesmo que o sotaque é um fator tão importante? Uma boa locução, narração não seria suficiente para o público.

Essa questão me parece muito mais uma “necessidade” criada pelos próprios meios de comunicação do que algo que vá beneficiar de alguma forma a compreensão do que foi passado para o espectador/ouvinte.

O que devemos realmente nos preocupar e buscar melhorar são nossos textos, diminuindo erros e confirmando a veracidade do que é dito. Já que na chamada “era da informação” a linguagem serve como moeda de circulação dos fatos, vamos ser mais cuidadosos com o que chega nos lares das pessoas. Não só regionalmente, mas globalmente. Aqui e em qualquer lugar, porque do contrario do que muitos pensam, o que os olhos deles vêem e os corações e mentes sentem.


Rafaela Gomes de Oliveira

2 comentários:

  1. Toda razão!eressar-te, sou baiano de Salvador.

    Se int

    Para quem gosta de Jornalismo e literatura...

    O projeto de criação do blog/site consiste na elaboração de uma página onde sejam publicados textos do típo jornalismo literário (ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_liter%C3%A1rio).

    O que se pretende é convocar integrantes fixos, temporários, colaboradores, parceiros dispostos a levarem a sério a proposta e crescerem juntos, no meio virtual.

    Ainda sem título (nem criado), o blog seria uma edição (diária, semanal, não sei, o que for melhor!) composta por postagens de conteúdos relevantes (OU NÃO!) de qualquer área (coisas simples como a mulher na fila do banco que demorou mais de 15 minutos e coisas curiosas que acontecem e que nos chama atenção podem virar notícia de forma leve e sutil!).

    Seriam ainda requisitados colaboradores esporádicos (cartuns, tiras, charges, desenhos de capa [head]. Alguém que saiba mexer com HTML para dar a nossa cara ao sítio e publicar, mensalmente planos de fundo ou Head's de pessoas diferentes, artistas anônimos.

    Este pretenso "edital" convoca, então os interessados em compor uma equipe embrionária coordenada por todos, em união! Se você curte internet, literatura, jornalismo informativo, é criativo, é desenhista, observador, sabe mexer com HtML (ao menos um tem que saber!) e quer entrar no grupo dê um up com os seguintes dados: Nome, idade, o que faz, cidade, estado, e-mail (se quiser envie isso para mbg1990@hotmail.com), BLOG (se tiver), por que quer compor o grupo, áreas de interesse, e o que mais quiser!

    ENVIE PARA: mbg1990@hotmail.com

    Precisamos de pessoas de várias REGIÕES!!! de preferência!

    A proposta é de um BLOG sério e jovem que pode ter um futuro promissor ( que modéstia, não?)

    Se não conhece a modalidade de jornalismo literário veja : Revista piauí_http://www.revistapiaui.com.br/, Antônio Calado ( Esqueleto na lagoa Verde)... e GOOGLE (afinal ele serve pra tirar as nossas dúvidas, não?)

    EX de como se apresntar:

    Matheus Galvão, Salvador, Bahia, 19 anos, Estudante de Direito UFBA, mbg1990@hotmail.com, interesse em tudo (humor, política, esporte, desenho, economia, viagens...), BLOG: http://retadevista.blogspot.com.

    Obs.: existe a possibilidade de ser um site, hospedado! - a depender da galera!

    (desculpe os erros absurdos, isso foi escrito Às pressas)

    Matheus Bastos Galvão

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  2. Agora acho que não tenho mais como participar, mas foi muito boa a iniciativa!

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