domingo, 28 de novembro de 2010

"RE" "COR" "DAR"

Da colonização herdamos o português de Portugal. Essa língua louca, que por onde passa agrega novos sotaques, novos timbres, como uma forma de identificar quem é e de onde é que se fala. Ela gera curiosidade em quem estuda a sua origem e é por isso que estou aqui hoje, para falar de uma das frases mais românticas que alguém já me ensinou.

Nessa vida de estudante, morar distante não é fácil. Às vezes falta comida, outras vezes falta o dinheiro pra comprar a comida, mas os amigos pra te alimentar, graças a Deus nunca faltam. Voltando da faculdade encontro um amigo meu, cujo nome não vou dizer, mas por ele guardo grande apreço. Lá vem ele, mais magro, bem mais magro, dizendo que estava me procurando. Ele nem precisou me pedir nada, porque seu semblante já revelava o que ele precisava.

Preparei aquele feijão que minha mãe me ensinou a fazer. Minha panela não é lá grande coisa, a demora é grande, mas pelo sabor que fica esperar não é grande sacrifício... Enquanto a panela chiava, ele me contava das suas aulas de latim. Essa língua, também louca, que a gente nem lembra, mas que é responsável por boa parte das palavras que falamos no dia a dia.

Não me lembro bem qual era a história que ele me contava, só sei que em algum momento eu respondi com a palavra “RECORDAR”. Então meu amigo disse:

- “Re” = de novo; “Cor” = Coração, impossível entender como uma língua derivada do latim pegou a palavra coração da língua espanhola; E “Dar” que tem o mesmo significado. Assisti a esta aula na semana passada. Recordar é dar de novo ao coração...

Deste dia pra cá “recordar” teve um novo significado pra mim. Dar ao coração a oportunidade de reviver, de viver sentimentos que já vivi, só que agora de um jeito diferente.

Então eu paguei a aula de conhecimento de mundo com um prato de feijão, arroz e carne. Foi a aula mais importante que tive nos últimos dias, mais proveitosa e acima de tudo, a mais barata...

Rafaela Gomes de Oliveira

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