quarta-feira, 18 de maio de 2011

Na internet pode tudo? NÃO!

Se estiver ruim, peço devolução!

Rafaela Gomes

No ultimo sábado, dia 14 de maio, uma das salas de aula da FURNE/UNIPE recebeu a professora Claudeci Ribeiro. Ela, que além de renomada no campo universitário é uma das responsáveis por um dos grandes jornais do nosso estado, vai ministrar a disciplina de Redação Jornalística para Mídia Impressa, Eletrônica e Digital.

Durante a aula, um dos temas debatidos foram as abreviações que se tornaram costumeiras na imprensa escrita. A professora, que tem vasta experiência com a escrita, levou uma sequência de textos, para que fossem debatidos os erros, na tentativa de nos alertar, não só como alunos, mas para a nossa prática diária no trabalho.

Textos carregados de adjetivos, pouca veracidade, pouca apuração, muita abreviação e uma coisa, além dessas outras já citadas, em comum: Todos retirados da internet.

Será que nós, jornalistas, passamos a acreditar que internet é terra de ninguém e que podemos fazer tudo, escrever de qualquer jeito?

Um dos alunos exemplificou utilizando uma manchete de um conhecido jornal que utilizava indiscriminadamente a sigla “AL”.

Veja bem, uma sigla que pode significar várias coisas:
ALAGOAS – O estado;
ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
ALUMÍNIO – químico;

Ironicamente, na noite desta quarta-feira(18), li a seguinte frase no Twitter:

- ROSALBA VAI BEDIR AUTORIZAÇÃO DA AL PARA PAGAR AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Prontamente enviei a dica, discutida em sala de aula para o meio de comunicação, mas fui mal interpretada e alvejada por replys em caixa alta, como vocês podem ver na imagem:



Infelizmente, no campo do jornalismo não existe união. Não existe mesmo. Tudo é competição e se você tentar ajudar ao outro, acaba sendo mal interpretado e tudo é encarado como uma afronta.

Eu não sou Deus para apontar erros, sei disso. Foi apenas minha forma de tentar contribuir.

Erros como esses são comuns, infelizmente. Tento alertar, fazendo meu trabalho de formiguinha, pois sei que práticas como essas destroem a língua portuguesa e fazem com que o leitor perca o interesse. Não é a toa que o brasileiro prefere TV e rádio. Se o trabalho fosse feito com um pouco mais de cuidado, estes meios não estariam competindo entre si, mas sim reforçando um ao outro.

Poucos dias atrás um jornal da região abreviou o termo “Campeonato Paraibano” com um simples “PB”. A correria das redações está fazendo o trabalho dos diagramadores adentrar cada vez mais no campo da escrita, e o prejudicado é o leitor, que perde em informação. Matérias são literalmente decepadas para caber no espaço que “sobra” entre uma publicidade e outra.

Se não dá para por a informação, não coloque. Jornalismo é pra quem pode. Economizar nas letras vai pesar no bolso, porque logo a audiência migra para outro meio que não tenha preguiça de fazer bem feito e não teme em aumentar o numero de contratados.

Minha tentativa de ajudar foi frustrada. Pierre Bourdieu tentou me avisar...

Para o sociólogo, um dos maiores pecados que o jornalista comete é achar que está escrevendo para cultos. Jornalista atualmente não escreve para o povo, escreve para outros jornalistas lerem.

Nós somos os únicos que lemos uma mesma noticia mais de uma vez, em meios diferentes. Seja para ver quem trouxe alguma informação diferente, seja para comparar os textos. Abreviamos, nos precipitamos devido a agilidade das novas tecnologias e pela necessidade do furo... então, erramos. Mas, nosso erro não passa despercebido, engana-se você se ainda teima em pensar o contrário.

Quem nunca parou para observar a audiência assistindo o JN num bar ou numa padaria e fazendo crítica aos jornalistas que - pelo vicio do monopólio - se tornaram referência em todo país, precisa urgentemente fazê-lo para refletir um pouco sobre sua prática profissional.

O nosso teto é de vidro. Esteja preparado para isso. Você, jornalista, vai ser criticado. Agradeça se for um colega seu que tentar te ajudar. Melhor que seja aquele que está ao seu lado, antes da notícia ir parar na “vitrine”, do que um espectador. Este é consumidor da informação, e tem todo direito de reclamar caso o “produto” venha com defeito.

Menos orgulho e mais coleguismo nas redações! EU APOIO.

2 comentários:

  1. Muito bem Rafaela,infelizmente isso acontece mesmo, no simples gesto de ajuda ao próximo e, ainda mais este sendo colega de profissão, somos mal interpretado, e por questões de competição, num mercado tão concorrido somos vistos como alguém que por ventura na correção de um suposto erro, podemos estar de olho naquela vaga,mas devemos crer que esses tempos de disputas acirradas vão passar e, um companheirismos ainda que utópico deverá acontecer nessa classe sofrida ou seja JORNALISTA.

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  2. Eu também quero acreditar nisso, muito embora o "mercado" não permita. As pessoas culpam demais o sistema e esquecem que somos nós que o confirmamos com nossas atitudes, todos os dias. Cabe a cada um da nossa área fazer um pouquinho, todos os dias, pra tentar mudar essa realidade. Obrigada por comentar!

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