quarta-feira, 4 de maio de 2011

Refletindo o "Forró de Plástico": Chico Cesar X População "não culta"

É PRECISO "RECICLAR" O PENSAMENTO

A situação dos profissionais da música está complicada na Paraíba. Agora, pelo que me parece, estes vão ter que passear por ai, antes dos shows, com uma faixa indicatória. Faixa como essas que aparecem na TV, no inicio de cada programa, para alertar se o conteúdo é permitido para todas as idades. Verde, amarelo, laranja, vermelho, azul... A diferença é que esse arco-íris taxador vai mostrar qual conteúdo é “de qualidade” e qual não é.

Acredito que autoridade nenhuma é entidade suprema para querer apontar o que é “plástico”, couro, papel, vidro, etc...

As pessoas, antes de dizer o que presta e o que não presta, devem perceber que música, antes de qualquer coisa, é uma questão de gosto. Música é opinião! E música nenhuma foi feita para agradar a todos... Isso se aplica em todas as esferas de representação da arte.

As autoridades desse estado devem reconhecer também que festas populares devem atender a todos os públicos e que uma decisão arbitrária como essa não vai fazer com que a população comece a comprar CDS de Chico Buarque.

O problema que estão tentando resolver é o seguinte:

As grandes bandas tem empresários que trabalham com contratos que devem ser cumpridos a risca. Eles recebem metade antes do show e a oura metade do dinheiro após o show. E como é acertado desta forma, assim acontece.

Essas grandes bandas cobram altos cachês, tanto pelo trabalho que fazem (que, em hipótese alguma eu digo que não presta, pois o pouco que conheço de música, sei que é realmente um TRABALHO), como pelo fato de na época de São João a busca pelos seus shows ser maior, e por isso mesmo, eles aumentam os preços, para que dessa forma possam atender a demanda que esteja disposta a pagar o preço nesta temporada.

O que se ouve pelas ruas, é que Luan Santana cobrou 400mil reais para fazer o Show no São João de Patos 2010.

O que acontece?

As prefeituras pagam Luan Santana, e depois, as pequenas bandas e trios PÉ DE SERRA da própria cidade(ou seja, a prata da casa) acabam não recebendo o cachê. Isso acontece tanto pela falta de contrato formal, como pela falta de dinheiro dentro das prefeituras.

Um problema dessa dimensão não pode ser resolvido com arrogância.

Rotular desqualifica.

O que chamam de forró de plástico também é tocado pelas bandas daqui...

Isso se aplica a diversos outros ritmos.

A obra de Luiz Gonzaga sofreu preconceito quando surgiu, A de Mastruz com Leite e Limão com Mel também... E isso vai acontecer sempre com qualquer nova forma de expressão musical que aparecer no mundo. Isso porque as pessoas não aprenderam a praticar tolerância e respeito pela opção dos outros(aproveite essas palavras também para o discurso da causa gay).

Sandy e Junior tem uma grande produção musical, mas aqui no Brasil existe uma história de preconceito com o talento hereditário. Se você é filho de cantor e quer ser cantor, você não presta. Se você é filha de atriz e quer ser atriz, você também não presta. Ai, eu peço licença para falar de uma pessoa que eu sou muito fã: Um exemplo de cantora da atualidade, que é tolerante e reconhece um bom trabalho antes de julgar e taxar é Maria Gadú. Ouço sua produção desde antes dela virar RIT de novela. E em um de seus shows, antes de cantar uma música de Sandy e Junior ela compartilhou com os fãs a seguinte situação:

Maria Gadú estava sendo entrevistada e alguém perguntou sobre o que ela pretendia, sendo cantora de MPB, mas tocando o “POP” feito por Sandy e seu irmão, Junior. Então ela respondeu mais ou menos assim:

GADÚ: - O que é POP?

JORNALISTA: - Popular...

GADÚ: - De onde eles são?

JORNALISTA: - Brasil...

GADU: - ...

Caso você não acredite, este é o link do youtube: http://www.youtube.com/watch?v=FoIFysKcet0

Assista e depois reflita.

Então a conclusão aqui é que a falta de caráter e responsabilidade de alguns na hora de pagar os músicos da terra foi um dos fatores que contribuiu para que essa decisão arbitrária se tornasse uma guerra em nome do reconhecimento.

O pagamento é a forma de reconhecimento do trabalho. Tem gente que tocou os trinta dias de São João e recebeu muito pouco por isso. É preciso alfinetar essa gente.

Se você não quer ouvir Garota Safada, vá para as palhoças. Mas, saiba que eles talvez não estejam recebendo por aquilo.

Uma solução seria se as grandes bandas fossem financiadas pelas empresas patrocinadoras da festa...

E se mesmo assim, você não quer ouvir forró, sinto muito, caso more no nordeste, se mude.

Mais tolerância, e respeito pelo trabalho do musico local, quem sabe, seja a real solução.

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